As notícias sobre o rompimento da cessação das hostilidades por parte de Israel, mais uma vez são completamente contraditórias. Para Israel o Hezbollah estaria a ser rearmado através das fronteiras o que desde logo rompe com os compromissos do cessar-fogo dando portando lugar a uma legítima acção de retaliação correctiva. Nas notícias a partir do Líbano, nem o Irão nem a Síria confirmaram quaisquer movimentos em termos de entrega de armamento ao Hezbollah…
Este conflito transborda de informações relativas. Tudo depende de que lado é que a informação é emanada. Claro que, como até aqui, depois o acontecimento será terreno fértil para a opinião geral mais ou menos subjectiva de acordo com as crenças de cada um. Os factos, esses ficam sempre embrumados e a verdade permanecerá apenas em poder dos senhores da guerra.
Não sei de que lado está a razão, mas também acredito que enquanto as forças israelitas não liquidarem Hassan Nasrallah, sempre surgirão intervenções aqui e ali. Por outro lado também não estou a ver o projecto do “Partido de Deus” a cair de um dia para o outro...
E o mundo vai-se envolvendo na contenda. O Irão mostra do que é capaz para avisar que não se devem meter muito com os persas. Do pouco que sabemos da Síria adivinhamos facilmente de quem não se agradarão nunca. Todos os árabes, sobretudo islâmicos, apresentam razões, para quem os quiser ouvir, para considerarem Israel o seu maior inimigo. Mesmo os Libaneses olham agora com maior simpatia os Palestinos.
E, já se sabe, o Estado de Israel não está sozinho. Tem os seus incondicionais e outros não tão incondicionais amigos… E tudo se fractura, trazendo ao rubro os velhos e novos confrontos civilizacionais, a impossível compatibilidade de valores, de modos de sentir e de viver.
De facto não se augura nada de bom. E claro ponho-me a cismar, mas consigo ainda um sorriso ao lembrar-me o que dizia um motorista de táxi que conheci no Egipto: «A dissidência entre os Islão e o Ocidente resume-se num simples facto: para os Ocidentais as mulheres muçulmanas trajam com roupa a mais e para os islâmicos as mulheres do Ocidente vestem-se com roupa a menos.» E a partir daí o Muhammad Abdhul, no meio do trânsito compacto do Cairo, conseguia explicar tudo. Até como o Egipto perdera a administração da faixa de Gaza… Era realmente muito imaginativo, como quase todos os árabes!
V. Sousa