07 junho 2007

Geneticamente programados



É mais que certo que somos, tal como os nossos antepassados e os nossos vindouros, coisa efémera, mera migração de genes…
Anima-nos, neste XXIº século desta era, já no seu sétimo ano, a investigação das leis de reconhecimento e transmissão genéticas. Bem podemos pasmar ante a revelação dos segredos da vida, desde a sua formação até ao momento actual e até das combinações mais prováveis que conjecturam o futuro. Ainda mais nos deslumbrará, evidentemente, a infinidade de aplicações possíveis através da manipulação dos genes, com todas as suas previsíveis e imprevisíveis consequências. A epistemologia tenta afincadamente definir os contornos e destrinçar as ciências de tudo aquilo que, objectivamente, não lhe pertence: política, religião, moral, opinião, mass media, etc., aparentemente com algum sucesso, mas não sem grande dificuldade e com algumas áreas cinzentas difíceis de evitar.
Tenhamos acima de tudo a consciência que, com maior ou menor velocidade, o progresso da ciência genética é imparável, sendo difícil de admitir que o público comum, individual ou socialmente, se inteire satisfatoriamente dos seus avanços e das suas extraordinárias possibilidades e perspectivas.
É inevitável que aqui nos venha à memória a criatividade do genial Aldous Huxley que no seu "Brave New World" (“Admirável mundo Novo”) vislumbra uma sociedade futura em que os homens são susceptíveis de ser geneticamente programados… Nesta obra de ficção, publicada surpreendentemente em 1932, Huxley levanta questões que o presente continua a colocar, cada dia com mais premência. Talvez a sua leitura estimule aqueles que se desinteressam destes assuntos da genética e das novidades da biotecnologia. Pode ser que com isso abram mais uma brecha nas sugestões culturais feitas-por-medida deste impreterível quotidiano.
De qualquer das maneiras, o nosso código genético obrigar-nos-á, implacavelmente, a cumprir o que será sempre a nossa obrigação: reproduzirmo-nos!
Por mais que isso nos custe…

Cátia Farias

3 comments:

Blogger Diogo said...

Li o livro - “Admirável mundo Novo” - mas estou mais optimista. Os cientistas estão cada vez mais próximos de descobrir as causas do envelhecimento. Poderemos ser eternamente jovens dentro de pouco tempo.

8/6/07 11:49 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Excelente sugestão.
É daqueles livros que ,entre muitos, não deve faltar na estante.
Ao lado de H.G.Wells,Verne,Isaac Asimov,Ben Bova,ect.
E já agora,acerca de genes,a última novidade,que ainda não tive oportunidade de investigar acerca da sua consistencia,é de que foi descoberto:o gene de Deus!
Chamam-lhe qualquer coisa como V.MAT.2 (duvido que se escreva assim!)e é responsável por aquilo que caracteriza em cada individuo a maior ou menos consciencia de Si,com os respectivos reflexos contemplativos ,que levam a uma busca espiritual e ás respetivas capacidades sensitivas nesse campo.
Interessante.
No minimo.

9/6/07 2:59 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Viva.
O que mais me assusta é o facto de ser vital a existência de uma ponderação ética sobre cada novidade e respectivas implicações, situação que é crítica visto que a progressiva complexidade da ciência resume o conhecimento de todos os meandros a uma elite que nela vive mergulhada, ficando depois para esses a referida análise, sendo naturalmente suspeitos.

[www.3vial.blogspot.com]

9/6/07 5:04 da tarde  

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