14 agosto 2006

Ubiquidade I

Ainda há pouco eras um vulto no cais olhando o infinito no âmago da noite. Fosse a ténue luz ainda mais débil e a tua presença não seria real. A minha atenção permaneceu longamente à espera de um gesto que se desprendesse da tua imobilidade e que afirmasse a tua adivinhada natureza. Quando por fim te voltaste, depois de alguns passos vagarosos, vi claramente a tua cabeça de longos cabelos inclinada sobre o lajedo, como se nele fosses decifrar algum mistério. Quando o teu rosto finalmente se voltou ligeiramente já não vi senão todo o pequeno porto deserto. Olhei para trás, para o cais: solitário, nem sequer eu estava lá!

Alice T

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