24 agosto 2006

O cinema e a aculturação


Ainda a questão levantada no post anterior sobre o cinema e a aculturação. É evidente a diferença entre os filmes de origem Norte Americana e os outros, que aqui são mesmo os outros, indiscriminadamente, pois nenhuma produção de país nenhum consegue ter uma penetração significativa no mercado e muito menos é capaz de competir neste momento com a hegemonia avassaladora dos Estados Unidos.

À superfície não existe problema nenhum. O que interessa a proveniência dos filmes se eles nos divertem? E não é um privilégio assistir a um espectáculo cinematográfico que usa os melhores artistas e as mais avançadas tecnologias que o dinheiro pode comprar?... E só pode fazer esse tipo de investimento quem equacionar a sua indústria para funcionar num mercado mundial, praticamente global… De outro modo como poderiam despender as verbas colossais que, de quando em quando, chegam ao nosso conhecimento?!

O cinema americano cada vez mais se foi impondo à escala planetária até ter conseguido dominar a distribuição em inúmeros mercados… Ora, como qualquer produto de distribuição universal, para que se consiga a adesão generalizada é preciso ter na manga os padrões de reacção dos indivíduos aos estímulos causados por esse produto e, claro, encontrar os denominadores comuns no público-alvo, que no caso presente é muitíssimo vasto.

Então, aqui é que a porca torce o rabo! Para abreviar... Vou aqui garantir que existe uma geração que já não consegue ver um filme lento (ritmo tipo europeu), sem uma banda sonora bem presente, que não tenha um forte apelo aos sentimentos humanos mais gerais e primários (violência, comiseração, heroicidade, misticismo, sexo…) e, como já adivinharam, sem efeitos especiais (quantos mais melhor).
Podíamos dizer: «É espectáculo, trata-se de uma diversão, uma indústria veloz, pujante!» Pois, tudo bem, está tudo muito bem. Mas exclamo eu: «E o cinema? Onde está o cinema? Gostava tanto de ir ao cinema, pelo menos aí umas duas vezes por mês…»

F.Taveira

2 comments:

Blogger JG said...

amen

26/8/06 12:41 da tarde  
Blogger antimater said...

Ainda anda cinema por aí, mas é preciso procurar bem. Sobretudo estar atento às salas isoladas, espalhadas pelas cidades.

Cátia

27/8/06 2:43 da manhã  

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