Subjectividade
Não podemos ter a certeza que vivemos, que somos. A dúvida de Descartes está por resolver. Até ele que julgara tê-la resolvido achando-se pensar, logo existir, acabou, ao que se julga, por duvidar que pensava, remetendo essa responsabilidade para Alguém que, esse sim, o pensaria…
De facto não é preciso ter construído como Renatus Cartesius um dos maiores edifícios intelectuais da humanidade para reparar que não podemos senão ter a impressão que vivemos. Nos sonhos também, enquanto mergulhados na “acção”, temos a mesma impressão, para se desvanecer logo que acordamos.
Não há uma só prova concreta de que existimos realmente. Tudo se passa em nós, somos sujeito e objecto simultaneamente. Mesmo a sermos de facto, nós e toda a envolvente é fabricação nossa. De facto só a subjectividade faz sentido. E até a consciência que nos habita se vai alterando com o tempo, ou melhor, com a nossa percepção de uma constante mudança.
Porque do tempo – sem o qual nos perderíamos – nunca ninguém soube dizer o que quer que fosse de definitivo. Sim porque quando o “eu” existir comprovadamente, também, sem dúvida, o tempo emergirá por esses dias da sua obscura morada…
Não é que seja absolutamente certo o que afirmo mas afirmo absolutamente ser um sistema muito plausível na galáxia das incertezas por onde às vezes viajo.
Cátia Farias