30 novembro 2006

Subjectividade


Não podemos ter a certeza que vivemos, que somos. A dúvida de Descartes está por resolver. Até ele que julgara tê-la resolvido achando-se pensar, logo existir, acabou, ao que se julga, por duvidar que pensava, remetendo essa responsabilidade para Alguém que, esse sim, o pensaria…
De facto não é preciso ter construído como Renatus Cartesius um dos maiores edifícios intelectuais da humanidade para reparar que não podemos senão ter a impressão que vivemos. Nos sonhos também, enquanto mergulhados na “acção”, temos a mesma impressão, para se desvanecer logo que acordamos.
Não há uma só prova concreta de que existimos realmente. Tudo se passa em nós, somos sujeito e objecto simultaneamente. Mesmo a sermos de facto, nós e toda a envolvente é fabricação nossa. De facto só a subjectividade faz sentido. E até a consciência que nos habita se vai alterando com o tempo, ou melhor, com a nossa percepção de uma constante mudança.
Porque do tempo – sem o qual nos perderíamos – nunca ninguém soube dizer o que quer que fosse de definitivo. Sim porque quando o “eu” existir comprovadamente, também, sem dúvida, o tempo emergirá por esses dias da sua obscura morada…
Não é que seja absolutamente certo o que afirmo mas afirmo absolutamente ser um sistema muito plausível na galáxia das incertezas por onde às vezes viajo.

Cátia Farias

4 comments:

Anonymous Anónimo said...

Compreendo o teu texto porque me identifico perfeitamente com esta tua maneira de pensar. É até curioso que tenha escrito ontem (29) um post com o mesmo título, subjectividade.
Acho que a única coisa na qual acredito mais ou menos é na subjectividade total. E mesmo assim não a tomo como muito certa.

30/11/06 8:04 da manhã  
Blogger Caiê said...

Não há provas concretas de SER mas há de SENTIR. :)

30/11/06 7:24 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Nem podemos ter a certeza que vivemos, que somos, muito menos que os outros vivem, que são.

Nem compreendo bem se posso falar em viver, porque, de resto, desconheço as regras do jogo da vida, não sei o que devo considerar como vida, já que sou peça de um jogo que me transcende.

Sobre o tempo não sei explorar...acho-o estranho enquanto objecto de reflexão.

[O tempo, se tiver existência, é bizarro...]

2/12/06 12:29 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Boa divagação.Gostei do tema.
Identifico-me.
Abraço.

5/12/06 4:10 da manhã  

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