25 novembro 2006

Ininterruptamente


Já o Hoje nasce trazendo consigo todos os dias que passaram e todos os dias que virão.
Cada momento é uma ponte entre duas margens de um rio eterno. Embora a certeza do cenário possa eclodir plutónica, o que se abrange para trás é uma névoa irreal e o que se alcança do lado de lá é de uma opacidade só vagamente matizada de incontáveis conjecturas. A ponte vacila constantemente e lá em baixo o rio de uma indiferença majestática vai correndo ininterruptamente. Heraclito sorri serenamente observando a manhã que sabe ser ímpar o que lhe basta para a achar bela e infinitamente misteriosa.
As energias vão-se ajustando ao módulo diurno e todas e cada uma das partículas de que se compõem os movimentos viajam sem cessar…

Alice T.

6 comments:

Anonymous Anónimo said...

Belo texto.
Gostei.
"É impossivel viver duas vezes o mesmo momento,tal como é impossivel tomar banho duas vezes na água do mesmo rio..."
Heraclito,não é?
500 a.C. !
Continuo a achar impressionante como a interpretação que as filosofias desses tempos fizeram da realidade se mantêm actuais .
E não me refiro necessariamente a Heraclito mas ás várias escolas emergentes e, por vezes, contraditórias que se formos a ver ,formam ainda a base de muito do que nos alimenta espiritual e cientificamente .
Grandes homens!Grandes mentes!

26/11/06 2:44 da manhã  
Blogger antimater said...

Ibis2
Precisamente!
*

26/11/06 4:17 da manhã  
Blogger Diogo said...

«Cada momento é uma ponte com entre duas margens de um rio eterno»

Bonita frase, mas se pudermos evitar que o «momento» seja mais doloroso do que devia, tanto melhor.

26/11/06 12:48 da tarde  
Blogger antimater said...

sofocleto:
«Cada momento é uma ponte com entre duas margens de um rio eterno»

devia ser:
«Cada momento é uma ponte entre duas margens de um rio eterno»

O revisor anda a falhar...
Vou rever.

Obrigada.
*

26/11/06 1:31 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Parece-me um texto de perspectivas...

Deixo então a pergunta: vale mais a pena investigar a «névoa irreal» do «que se abrange para trás», ou devemos procurar saber mais sobre a «opacidade matizada de conjecturas que se alcança do lado de lá»?

O rio tem um caminho único, e nós?

26/11/06 8:33 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Marcelo Melo:

Nós devemos ficar em cima da ponte e...sorrir. ;)

27/11/06 9:01 da tarde  

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