O “nosso” EXPR
A política, um ano que foi, um ano que vem!...
Depois de Sócrates festejar o Natal a dizer que as coisas estão cada vez melhor com tendência para melhorar e o “homem da cooperação estratégica” ter entrado em 2007 a asseverar que “está cá para ver”, foi grande diversão, para alguns, ter visto esta noite o “nosso” EXPR (ex-presidente da república) numa entrevista aparentemente fora de época.
Jorge Sampaio não conseguiu ainda despir a farda institucional, embora garanta já o ter feito, respondendo apenas ao que lhe apeteceu responder e negando-se envolver em qualquer assunto mais polémico e menos “oficial”. Foi constrangedor sentir que tantos anos de treino não foram suficientes para o EXPR contornar os assuntos de forma mais ou menos diplomática, no bom sentido do termo, respondendo honesta e elegantemente às questões que Judite de Sousa, a sempiterna entrevistadora de serviço da RTP1, lhe colocou e que, em abono da verdade, não eram assim tão difíceis de responder como isso…
O EXPR escudou-se em várias ocasiões atribuindo-se a si próprio uma posição que já não tem, arrefecendo a entrevista e desiludindo certamente um grande número de espectadores que esperavam que a maior liberdade, que lhe outorga o seu estatuto político actual, lhe facultaria a possibilidade de expor com distinção e objectividade as suas concepções a favor e contra o que quer que fosse, contra e a favor quem quer que fosse!
Talvez que assim tivesse sido melhor. Pois, afinal, quem são os portugueses para merecerem mais que isso? «Claro, a turba é ignorante, não podemos entrar em grandes pormenores com a plebe… misturemo-nos com ela, confundamo-nos com ela… que o “povo” veja bem que estamos do seu lado, mas cuidado… ele nunca poderá saber ou sequer sonhar quais são as nossas verdadeiras intenções (quando as tivermos, é evidente)!...». Pareceu-me sempre ser este o alter-ego do EXPR, um ginasta aplicado entre popular e intelectual, poucas vezes percebido pelos menos instruídos e bastas vezes mal entendido pelos mais letrados. Continua na mesma, mais gordinho talvez. Gostei de o ver, atropelando-se nas palavras como sempre, o verbo fácil, tão fácil que a alturas tantas já soa a verborreia. “Quem muito fala…”. Não, não pensem que tenho qualquer antipatia ou malquerença contra tão inequívoca inteligência e entusiasmo personificados, não. Talvez seja esse o problema… Há quem diga que dos benquistos não reza a História. Ou se não é bem assim, é assim que me exprimirei, pois estou certo de que este presidente ainda perdurará por algum tempo na memória dos mais vindicativos, mas não passará muito tempo para que a História o varra para o grande grupo dos ilustres esquecidos. Ai de nós!
Gostava de estar enganado. Ainda temos tempo?!…
Vasco Sousa
2 comments:
Já teve o seu tempo, é o que parece. De qualquer forma, ninguém o obriga a enterrar-se vivo... Bastaria estar um pouco mais vivo, não sei se me faço entender...
Só sei que o "Ano Horribillis" ainda nem começou,e que a grande maioria não se apercebeu disso sequer,quanto mais preparar-se para tal.
Parece que o português tem a caracteristica de dar a volta por cima só em situaçoes limites.
Em breve estará na hora.
(espero que não dê a volta por baixo).
Entretanto, Boas Festas, que ainda as há.
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