10 outubro 2006

Origens da peçonha


O que mais me apraz são esses discursos redondinhos em que parece que tudo faz sentido e que as equações dos problemas aparecem claras e resolúveis…
Poder-se-á falar em combate à corrupção? Não será o mesmo que dizer: «curemos o doente terminal».
Claro que ninguém se vai demitir de investigar e punir os prevaricadores. Mas a questão não é essa. Não existe proporcionalidade linear entre a punição do crime e a atenuação da criminalidade. Todos o sabemos.
O que seria interessante de escutar dos “especialistas” das questões sociais e políticas era a sua percepção sobre como uma profissão, uma instituição, uma sociedade se torna corrupta. Quais são as causas que determinam essa forma de actuar? Como é que o fenómeno se desenvolve e multiplica? Que razões facilitam a doença? Isso poderia ser bem mais proveitoso. Apontar as origens da peçonha…
Talvez que desse modo diminuíssem os discursos redondinhos.

Filipe Taveira

1 comments:

Anonymous Anónimo said...

As origens remontam provavelmente à época em que, vivendo em comunidade, as pessoas trocavam favores entre si. A burocracia que sempre nos esforçamos por manter e aumentar ajuda a perpectuar as tradições. Quando as pessoas precisam de algo com urgência e reparam que há uma maneira muito mais simples de fazer as coisas, e que existe a possibilidade de apanhar um atalho, e se os fins justificam os meios (e aqui entra a relatividade da análise da situação), há que usar os meios. A necessidade de sentir que tem poder é também um motivo que leva muita gente a manipular os "outros".
Porque se deixam os "outros" corromper é mais simples: dinheiro ou outros proveitos (um galo, uma garrafita de vinho, prostitutas, relógios, viagens), está na natureza dos homem gostar de receber presentes.
Eu que, por principio, não cometo uma irregularidade que seja, até daquelas consideradas mais simples, sendo muitas vezes apelidada de "palerma" e chamada à razão "abre os olhos, toda a gente faz", sei que não posso sozinha fazer a diferença ou alterar mentalidades, mas pelo menos sou menos uma e fico com a minha consciência tranquila e isso, para mim, basta.

11/10/06 11:51 da manhã  

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