31 março 2007

Um site por semana


O sítio da semana
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27 março 2007

A Engenharia vai ser um sucesso!



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A Engenharia vai ser um espectáculo de massas!
Vai ter representações, debates, protagonistas, auditórios, transmissões em directo, vastos públicos e participação de todas as camadas sociais.
Vai sair dos escritórios enfadonhos para as salas de espectáculo.
Vai ter estrelas, papéis principais e papéis secundários.
O tempo que dantes era dedicado à ciência e à técnica, agora desnecessário, vai reverter a favor de programas de entretenimento nos media.
A Engenharia vai ser uma diversão popular de amplo alcance.
Vai ser protagonizada, democratizada e consensual a opção dos locais para construção das pontes, dos traçados das estradas e ferrovias e até dos aeroportos.
Vão ser amplamente debatidos, em estádios a designar, com transmissão televisiva em directo, os níveis freáticos e os cálculos de estruturas de betão armado.
Vai passar dos estudos sobre os estudos à objectividade das técnicas do espectáculo e rentabilizar as suas actividades deficitárias.
A Engenharia vai finalmente ter o seu merecido público e o seu justo tempo de antena.
Vai desfazer-se das matemáticas e das físicas pois o público não adere com facilidade a tais matérias.
Vai despir-se da pesada resistência dos materiais que só atrapalharia na diversificação dos públicos.
Vai enfim livrar-se de planos e caminhos críticos, coeficientes de segurança e probabilidades, dedicando-se ao marketing, mais contemporâneo e adaptado ao mundo do espectáculo.
Vai deixar de ter instituições que a representem e vinculem os seus estudos.
Vai abolir a comunicação oficial por fax, carta, e-mail, transferindo os assuntos para os espectáculos.
A Engenharia vai aparecer provocante e debochada na televisão.
A Engenharia vai ser um sucesso!
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Filipe Taveira

26 março 2007

Algarve de "al-Gharb “


Todo o nome tem uma origem, um significado. O tempo vai-se encarregando de transformar as palavras e as formas originárias vão ficando cada vez mais para trás. Assim o português actual é já resultado de um processo de alterações genuínas e híbridas que o uso ininterrupto foi dinamicamente admitindo e tornando sólido. De tal maneira que só os mais estudiosos terão acesso ao verdadeiro percurso dos conceitos.
No entanto poder-se-á dar de barato que é descabido pensar que as palavras se possam alterar para facilitar o acesso da língua aos estrangeiros, por ilógico e aberrante, sobretudo se em nome de uma presunção estéril, de um mercantilismo frívolo ou de um qualquer oferecimento exageradamente complacente.
Recuso aqui a escrever sequer o que por aí se diz relativamente ao nome que corresponde à parte mais Oeste da Península Ibérica, o Algarve, nome que, só por si e tal como é, constitui um desenrolar de histórias sem fim onde com relevância se protagonizou este povo que nunca se agradou muito de vender a alma ao diabo.
Se a Língua nos determina e revela que dizer de quem não ama a sua Língua e a vende assim ao desbarato?

Filipe Taveira

23 março 2007

Signos XVI


21 março 2007

As cores do primeiro mundo

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.............A necessidade é a criação de necessidades
.............e ser livre é optar por uma forma de poder
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Tempos houve em que o “mundo” era um pequeno agregado populacional, a aldeia, a tribo. Tudo que aí tinha lugar preenchia o imaginário humano e a realidade era esse “grande espaço” de relação próxima com a natureza que condicionava ferozmente a liberdade e com os que compartilhavam um quotidiano solidário. A necessidade premente e a preservação justificavam todos os esforços individuais e sociais e a carga genética foi sendo transportada e transmitida com precisão matemática através do tempo.
Os mais criativos poderiam talvez conceber outros “mundos”, mas a possibilidade de confirmação era por demais remota!

Milhares de anos decorridos o “mundo” é qualquer coisa com contornos indefinidos. A realidade patente desfoca a natureza e os humanos, simulando uma obtusa partilha do “mundo”, estranham um quotidiano competitivo. O espaço ganhou múltiplas dimensões e a proximidade é viabilizada pelas ferramentas disponíveis que se apossam do quotidiano e dissipam o conceito de próximo. As tribos não se confinam mais a uma área definida e habitam uma topografia planetária quase irrepresentável. A evasão e simultânea concentração social vão gerando níveis de ansiedade impiedosamente selectivos. A necessidade é a criação de necessidades e ser livre é optar por uma forma de poder. A carga genética vai sendo transportada e transmitida inexoravelmente através do tempo.
Os mais criativos podem de facto conceber outros “mundos”, mas a possibilidade de realização é por demais remota!

Cátia Farias

17 março 2007

Uma "modernidade contemporânea"

Circula por aí a ideia de que os portugueses se vão concentrar nas cidades. Não, não é de forma progressiva como já fazem há anos, mas sim muito aceleradamente.
Diz-se que o país é geograficamente grande demais e que o mais viável (é o que se ouve…) é mesmo concentrar os habitantes e todos os serviços nas “grandes cidades”. Os defensores desta teoria argumentam que o país será altamente rentabilizado e com isso se acabará com o problema do défice (sim sempre esse...) e todas as suas repercussões incómodas.
«É muito simples» dizem eles «”encerram-se” todos os serviços que se considerarem abaixo do limite de rentabilidade, o que, dada a demografia existente, acontece em mais de 70% das regiões de Portugal. Em consequência todos iniciarão, de forma natural, o seu êxodo para as grandes cidades e outros “locais rentáveis” buscando aí tudo o que necessitam e que é providenciado em boas condições... Esse abandono irá ser “o motor” de uma grande criação de riqueza, uma vez que a racionalização dos recursos, infra-estruturas e serviços do país provocará uma rentabilização altamente optimizada»
O que é facto é que essas ideias de “modernidade” já começaram a fazer com que as células cinzentas dos mais abastados se agitassem ao ponto de alguns terem já adquirido bons jipes, estando já precavidos (como eles afirmam…) para as estradas regionais cuja manutenção não mais se fará por desnecessária e dispendiosa...
É claro que eu não quero acreditar nestas patetices de que falam por aí.
E depois… está bem que se seja moderno, mas nem tanto, que diabo!...


Nuno G. Ferreira

14 março 2007

Os pântanos e os charcos

08 março 2007

As lacunas da história


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Na ronda dos passados que inventamos julgaremos reconhecer em alguns deles, poucos, a inevitabilidade do presente. É sabido que continuaremos a desvendar enigmas do que passou e, por cada interpretação, uma corrente lógica chega até nós reconstruindo o que somos para além da nossa realidade pateticamente quotidiana. Nas lacunas da história que este presente não decifra reside também o nosso trágico e irrevogável percurso. E os nossos antepassados correm-nos nas veias tão vivos quanto nós. Nós que pensamos possuir, em cada época, uma imaginação capaz de desenredos coerentes. Quem poderá dizer se é nessas lacunas impenetráveis que o tempo aprisiona para sempre os elos da definitiva verdade? Quem poderá duvidar que o passado está vivo afinal?

Alice T.

05 março 2007

Um site por semana

O sítio da semana
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03 março 2007

Tempo de balanço

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Se eu fosse Presidente da República de Portugal mostrava aos portugueses, de quando em vez, que estava com eles, que estava atento e alerta aos seus anseios;
Se eu fosse Presidente da República de Portugal dizia aos portugueses o que penso do Iraque, do Irão, de França da Alemanha… enfim da União Europeia e até mesmo de África e das Américas;
Se eu fosse Presidente da República de Portugal não me limitava a cumprir estritamente a cartilha e a ser menos pródigo nos discursos do que o próprio Américo Tomás;
Se eu fosse Presidente da República de Portugal não seria um comentador mas arriscava a ter cérebro e opinião;
Se eu fosse Presidente da República de Portugal não iria ter tanto medo de errar o discurso limitando-o ao estilo telegráfico;
Se eu fosse Presidente da República de Portugal não fazia um tema universal do facto de comer só “arrozinho branco” e “nada de picante”;
Se eu fosse Presidente da República de Portugal procurava deixar o provincianismo na gaveta;
Se eu fosse Presidente da República de Portugal não tinha como maior ambição ser uma espécie de Presidente do Movimento Nacional Feminino;
Se eu fosse Presidente da República de Portugal não protagonizava um filantropo teórico que transforma más conduções políticas em infortúnios do destino;
Se eu fosse Presidente da República de Portugal conseguia “dar a volta” ao Alberto João para que ele não me gozasse em público;
Se eu fosse Presidente da República de Portugal teria cuidado para não dar indultos assim sem mais em menos a criminosos não indultáveis;
Se eu fosse Presidente da República de Portugal não me contentava com “turismo de negócios” por países exóticos que não têm comidinha em condições;
Se eu fosse Presidente da República de Portugal não me rodeava apenas do “pessoal dos cifrões” e tentava mostrar ao mundo que os portugueses ainda têm uma cultura considerável;
Se eu fosse Presidente da República de Portugal procurava contribuir com um discurso positivo para desvanecer a ditadura da maioria em caso de inexistência de uma oposição forte;
Se eu fosse Presidente da República de Portugal estava ao serviço dos portugueses e não tinha pose de monarca;
Se eu fosse Presidente da República de Portugal havia de dar a conhecer a minhas simpatias e as minhas reprovações;
Se eu fosse Presidente da República de Portugal não dava azo a certas teorias da conspiração que dizem que a cooperação estratégica é um contrato de não interferência com o PS em troca da pulverização de candidatos aquando das eleições para a Presidência da República;
Se eu fosse Presidente da República de Portugal não me limitava a cumprir escrupulosamente as partes inquestionáveis da redacção das atribuições do Chefe do Governo;
Se eu fosse Presidente da República de Portugal esforçar-me-ia por fazer alguma pedagogia dos valores;
Se eu fosse Presidente da República de Portugal saberia que o poder das palavras e do foco garantido sobre as palavras rivaliza com os poderes institucionais;
Se eu fosse Presidente da República de Portugal não havia de gostar que me chamassem “mariquinhas pé de salsa”;
Se eu fosse Presidente da República de Portugal actuava como Presidente da República de Portugal.

Habituem-se!


Nuno G. Ferreira

02 março 2007

Super Portas - Ascensão e Queda IV